De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2009 e 2016, foram contabilizados 6,3 milhões de casos de sífilis em todo o mundo. A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que acomete muitas pessoas e devemos estar atentos às apresentações dessa doença porque ela pode gerar sérios prejuízos à saúde reprodutiva e infantil.
Você sabe o que causa a sífilis?
O microrganismo causador da sífilis é uma bactéria conhecida como Treponema pallidum
Contextualizando a sífilis
No Boletim Epidemiológico da Sífilis do Ministério da Saúde de 2019, vemos que em 2018 foram registrados 158 mil casos de sífilis adquirida, 62 mil casos de sífilis em gestantes e 26 mil casos de sífilis congênita, sendo que, dos bebês afetados, 241 acabaram morrendo por complicações da doença. Esses índices mostram a importância de prevenirmos e tratarmos a sífilis e, por isso, é obrigatório que todos os casos sejam notificados às autoridades de saúde no Brasil.
Como a doença é contraída?
O contágio se dá a partir de relações sexuais desprotegidas com pessoas infectadas pela bactéria e, em mulheres grávidas, pode ser transmitida para os bebês, que apresentarão a forma congênita da doença, ou seja, já estarão infectados ao nascer. É comum nos referirmos à doença como:
1 - Sífilis adquirida (por relação sexual sem o uso de preservativo)
2 - Sífilis em gestantes
3 - Sífilis congênita
Além disso, também é possível que haja contaminação pelo contato de alguém saudável com feridas causadas pela sífilis em um indivíduo infectado.
Transmissão para o bebê durante a gravidez
Uma gestante contaminada pela bactéria da sífilis pode transmitir a doença para o seu bebê em qualquer momento da gravidez. A infecção intrauterina altera o desenvolvimento normal da criança, o que pode provocar malformações diversas e até aborto. Por isso é indispensável que, se você for gestante, realize um pré-natal correto, para que sejam feitos os exames para sífilis e adequado manejo caso haja o diagnóstico. Se for constatado que a gestante tem sífilis, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, sendo que o ideal é que seja realizado antes da 14ª semana de gestação. Assim, conseguimos evitar que haja transmissão da doença da mãe para o bebê. Também é realizado o teste nos parceiros(as) para evitar que haja reinfecção da mulher grávida.
Sinais e sintomas
Para compreendermos melhor, é comum dividirmos a sífilis em estágios ou fases:
Fase primária
Na fase primária ou inicial da doença, aparecem lesões geralmente únicas nas regiões que tiveram contato com a bactéria: pênis, vagina, ânus, boca ou outras áreas da pele. Elas são úmidas, têm coloração vermelha, são geralmente indolores e podem deixar o local com aspecto de “carne viva”. Esse primeiro sinal pode se desenvolver de 10 até 90 dias após a relação sexual desprotegida. A cicatrização acontece espontaneamente em 2 meses e pode fornecer a ideia de cura. Porém, isso é falso. A ferida some mas ainda há bactérias da sífilis na corrente sanguínea, que poderão causar ainda outros prejuízos para a sua saúde.
Fase secundária
De seis semanas a seis meses depois da cicatrização da ferida inicial, inicia-se a fase secundária da sífilis. Nela, as lesões se dispersam por toda a superfície do corpo e não têm mais aquele aspecto inicial de carne viva, mas se expressam por várias bolinhas avermelhadas que acometem a região da barriga, braços, pernas, costas e até palmas das mãos e sola dos pés. Além disso, a pessoa contaminada também expressa sintomas similares aos da gripe, como diminuição do apetite, febre e dores muscular, de garganta e de cabeça. Os sintomas passam dentro de algumas semanas e, de novo, a melhora deles pode indicar uma falsa impressão de cura.
Nessas primeiras duas fases da sífilis, as lesões de pele contêm inúmeras bactérias que constituem um foco da doença. Assim, nessas fases, a pessoa contaminada é altamente contagiosa. É importante que você saiba também que caso esteja contaminado por sífilis e apresente lesões genitais, há maior risco de contrair e de transmitir HIV. Portanto, caso surjam machucados na região genital, procure uma unidade básica de saúde para avaliação: lesões em órgãos genitais não são normais e devem receber avaliação médica!
Fase terciária
Após o estágio secundário da sífilis, a pessoa contaminada pode ficar por um longo período sem sintomas e acha que está tudo resolvido. Porém, caso o indivíduo infectado não receba tratamento adequado, depois de anos há progressão para o estágio terciário da doença. Aqui, os danos gerados são mais sérios e incluem desenvolvimento de demência, cegueira e acometimento de coração e ossos.
Prevenção
A melhor maneira de se prevenir contra a doença é utilizar camisinhas feminina ou masculina durante as relações sexuais, incluindo penetração e sexo oral. Lembrando que não existe qualquer vacina disponível para imunização contra a sífilis.
Como confirmar se você está infectado?
Todas as unidades básicas de saúde possuem teste rápido para sífilis, que é um exame cujos resultados já podem ser avaliados durante a consulta. Então, é de extrema importância que você procure um serviço de saúde de referência caso apresente os sintomas da sífilis.
Existe tratamento para a sífilis?
Sim, e ele é feito a partir de doses de benzetacil, que podem ser aplicadas no próprio posto de saúde. O tratamento para gestantes infectadas é o mesmo do que o tratamento para outras pessoas contaminadas.
De onde foram tiradas as informações do texto?
Boletim Epidemiológico da Sífilis. Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-sifilis-2019
Sífilis na Gravidez. FEBRASGO, 2018. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/700-sifilis-na-gravidez
MURRAY, Patrick R.; ROSENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A. Microbiologia médica. 7. ed. Rio de Janeiro (RJ): ELSEVIER, 2014 - Livro
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