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Clamídia

Atualizado: 29 de jun. de 2022

O que é clamídia?

A clamídia é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. No contexto das ISTs, bactérias desta espécie podem causar clamídia e uma outra infecção chamada linfogranuloma venéreo. No entanto, a C. trachomatis também pode provocar infecções no trato respiratório e nos olhos, que não serão abordadas aqui.


Qual a relevância da clamídia do Brasil e no mundo? Quão comum ela é?

A clamídia é uma das ISTs mais comuns no Brasil e no mundo. Ela é assintomática em 25-30% dos homens e em cerca de 80% das mulheres, o que faz com que muitas das pessoas infectadas não procurem atendimento médico e tratamento, contribuindo para a transmissão. A clamídia pode ter complicações a longo prazo, sendo as principais, em mulheres, a doença inflamatória pélvica e a infertilidade. Como ela é assintomática em boa parte dos casos, é recomendável que pessoas sexualmente ativas façam testes diagnósticos para clamídia a cada 6 meses a 1 ano, mesmo na ausência de sintomas. Assim, ela pode ser tratada e a transmissão para outras pessoas, evitada. A infecção por C. trachomatis muito comumente está associada a infecção por Neisseria gonorrhoeae, a bactéria que provoca gonorreia. Uma outra forma de prevenir a transmissão de C. trachomatis é o uso de preservativos nas relações sexuais.


Como a clamídia é transmitida?

A clamídia é transmitida pelo contato sexual, incluindo o sexo oral, a partir de de microfissuras ou lacerações na mucosa genital. As bactérias de C. trachomatis infectam as células que revestem a mucosa da uretra, do endométrio, das tubas uterinas, do reto, do trato respiratório e da conjuntiva - tanto que essa bactérias também podem provocar um tipo de pneumonia e uma doença chamada tracoma, que afeta os olhos e pode provocar cegueira. No entanto, no contexto das ISTs, a clamídia é transmitida principalmente pela penetração vaginal ou anal, ou pelo sexo oral.


Como a clamídia se manifesta?

Em mulheres

O principal local de infecção da C. trachomatis é a parte interna do colo do útero (endocérvix), onde ela pode provocar uma secreção mucopurulenta - ou seja, um corrimento com consistência mucosa e com pus, amarelado. No entanto, em 80% dos casos, as mulheres não apresentam nenhum sintoma. Por conta disso, com o tempo, a C. trachomatis pode migrar para outras regiões no aparelho reprodutor feminino, como o endométrio e as tubas uterinas, ou para a uretra.


Nas tubas uterinas, ainda que sem provocar sintomas, o organismo pode reagir à infecção, numa tentativa de eliminá-la. No entanto, na grande maioria das vezes, ele não consegue fazer isso. Assim, essa tentativa de defesa resulta na formação e um tecido cicatricial, uma fibrose, nas tubas uterinas, obstruindo-as.


Por isso que ocorre a infertilidade: a fecundação do óvulo pelo espermatozóide ocorre nas tubas uterinas. Se elas estão obstruídas, o espermatozóide pode não conseguir alcançar o óvulo ou o óvulo fecundado pode não conseguir migrar até o endométrio (parede do útero), onde se fixa para o seu desenvolvimento. Nesses casos, pode ocorrer uma gestação tubária (ou ectópica), que ocorre quando o óvulo fecundado começa a se desenvolver na tuba uterina, em vez de no útero. Essa condição é muito grave, podendo resultar em aborto e ser letal para a mãe.


Uma outra complicação a longo prazo da infecção por C. trachomatis em mulheres é a doença inflamatória pélvica.


Em homens

Em homens, a clamídia geralmente provoca uretrite (inflamação da uretra), epididimite (inflamação do epidídimo) e orquite (inflamação nos testículos). A uretrite geralmente provoca ardência, dor ao urinar e secreção. Já a epididimite e a orquite podem provocar infertilidade, devido à obstrução dos canais por onde os espermatozóides passariam - pelo mesmo mecanismo da obstrução das tubas nas mulheres.


Quais os problemas que a clamídia pode provocar a longo prazo?

As principais complicações da clamídia são a doença inflamatória pélvica e a infertilidade. Uma outra complicação possível é a artrite reativa, anteriormente chamada de síndrome de Reiter.


Doença inflamatória pélvica (DIP) é uma síndrome clínica que ocorre em mulheres, secundária a uma infecção por algum agente sexualmente transmissível. Ela acomete o endométrio, as tubas uterinas, os ovários e o peritônio, podendo também afetar outros órgãos da pelve próximos a esses. Ela se caracteriza pela dor pélvica, leve ou forte, que pode se tornar crônica. Além disso, pode vir acompanhada de sintomas, como febre, calafrios, secreção vaginal, sintomas urinários, náusea e vômito. Cerca de ⅓ da mulheres com clamídia desenvolvem DIP.


A infertilidade por clamídia ocorre, como falado anteriormente, por obstrução das tubas uterinas, nas mulheres, ou do epidídimo, nos homens. Cerca de ⅕ das mulheres que contraem clamídia desenvolvem infertilidade.


Artrite reativa (também chamda de síndrome de Reiter)é uma doença autoimune secundária a infecção por alguns micro-organismos, entre eles a C. trachomatis. Ela se desenvolve 7-14 dias depois da infecção e se caracteriza por uma inflamação das articulações, lesões na cavidade oral e conjuntivite. Cerca de 50% dos casos de artrite reativa são causados por infecções por clamídia.


Como a clamídia pode ser prevenida?

A clamídia pode ser prevenida a partir do uso da camisinha masculina ou feminina. Além disso, a testagem rotineira e tratamento precoce também ajudam a diminuir a transmissão da infecção e diminuem o risco de desenvolver complicações.


Como o diagnóstico por clamídia é feito?

O diagnóstico de clamídia é feito pela detecção de anticorpos a partir de amostra de sangue ou pela detecção da bactéria a partir de amostra de urina ou de secreção uretral.


O método diagnóstico usado mais comumente é a pesquisa do IgG, o anticorpo que é produzido algumas semanas depois do contato com o organismo. O IgM, anticorpo que é produzido no início da infecção e indica infecção ativa, geralmente não é detectável para clamídia em adolescentes e adultos, por isso tem pouca relevância clínica.


O IgG permanece positivo mesmo em pessoas tratadas, e não confere imunidade,o que signfica que é possível se reinfectar várias vezes. Ou seja, o IgG não permite diagnosticar uma nova infecção por clamídia.


Para esses casos, devem ser feitos testes que identifiquem a presença da bactéria a partir de amostras de urina ou de secreção uretral, como a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR).


Existe tratamento para clamídia? Como ele ocorre?

O tratamento depende de antibióticos.


É comum receitar antibióticos para clamídia e para gonorreia simultaneamente, mesmo sem a confirmação de infecção por gonorreia (ou de clamídia, se houver apenas a confirmação de gonorreia). Isso porque muitas pessoas perdem o seguimento com o médico, e como a coinfecção dessas bactérias é muito comum, é preferível não correr o risco de não tratar uma outra infecção.


É fundamental tratar também o parceiro sexual da pessoa diagnosticada.


De onde essas informações foram tiradas?

- Livro Microbiologia Médica. Murray - 8a ed

- Livro Rotinas em Ginecologia. Freitas - 7a ed


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